Radiação no celular: app alerta para exposição a cada chamada

26 de julho de 2012 - 16:30

Ainda não há estudos conclusivos sobre o risco à saúde decorrente da exposição à radiação emitida por telefones celulares. Por via das dúvidas, médicos recomendam o uso de headsets ou viva-voz, em vez de segurar o aparelho encostado na orelha. Mas a verdade é que o nível de radiação pode variar muito ao longo do dia, dependendo de uma série de fatores. Para auxiliar o consumidor, uma empresa israelense chamada Tawkon criou um aplicativo móvel que verifica o nível de radiação a cada chamada. Quando a exposição está em nível crítico, o software emite um alerta sonoro, logo depois de o usuário iniciar a chamada. Pelas métricas usadas pelo app, um minuto de conversação sob exposição à alta radiação equivale a cinco horas no nível baixo. O app está disponível para download gratuito nas plataformas Android e BlackBerry em em inglês e espanhol. Versões em português e para Windows Phone estão sendo analisadas. O app acumula algumas centenas de milhares de downloads no mundo e a expectativa é ultrapassar a marca de 1 milhão este ano. O CEO da companhia, Gil Friedlander, conversou com MOBILE TIME por telefone nesta quinta-feira, 26, e comentou sobre as descobertas feitas a partir da análise diária dos dados de emissão de radiação nos celulares dos usuários.

De acordo com Friedlander, em média, em 90% do tempo os celulares operam em níveis baixos de radiação. O problema são os 10% do tempo em nível alto. É nessa hora que se recomenda usar um acessório, como um headset bluetooth. Mantendo o celular a uma distância de 60 centímetros do corpo, a absorção é insignificante, afirma o executivo.

O aumento de radiação pode acontecer quando o usuário está distante de uma torre celular e seu aparelho precisa emitir um sinal mais forte para conseguir se conectar. O mesmo acontece quando há obstáculos ao sinal, como dentro de elevadores, garagens ou em ambientes com paredes grossas. Até mesmo o clima chuvoso pode afetar a potência do sinal. Segundo o CEO, as redes de terceira geração (3G) são melhores que aquelas de segunda geração (2G), no que diz respeito à radiação. Ele ainda não tem dados suficientes para avaliar as redes de quarta geração (4G), mas acredita que a tecnologia está evoluindo de maneira a reduzir o problema. Outra descoberta é que redes do padrão CDMA são menos perigosas que aquelas no padrão GSM. “A qualidade do sinal e seu gerenciamento são melhores em redes CDMA, pelo que constatamos nos EUA quando comparamos os dados da Verizon com a AT&T”, diz Friedlander. No Brasil, a Vivo era a única operadora a usar CDMA, mas migrou para GSM alguns anos atrás, atraída pelos ganhos de escala desse padrão de uso global.

O próprio aparelho também interfere na radiação, que é medida em watts por quilograma (W/kg). Cada celular trabalha com um limite máximo de radiação, o que varia de modelo para modelo. Nos EUA, o órgão regulador das telecomunicações trabalha com o conceito de “nível específico de absorção”, ou SAR, na sigla em inglês, para avaliar quanto de energia é absorvida pelo corpo em exposição a radiofrequência. Para ser vendido nos EUA, um celular deve ter SAR máximo de 1.6 W/kg. “O modelo com limite mais alto é o Blackberry Bold 9700 (1.37 W/kg) e aquele com limite mais baixo de radiação é o que eu uso: o Google Nexus (0.3 W/kg)”, conta. O SAR do iPhone é 1.17 W/kg e do Galaxy S III é 0.34 W/kg. Veja um gráfico comparativo feito pela Tawkon.

A Tawkon chegou a desenvolver uma versão do app para iOS dois anos atrás, mas o título nunca foi aprovado pela Apple, gerando polêmica na mídia. “Eles alegam que poderia confundir o consumidor. Cheguei a contatar o Steve Jobs diretamente, que respondeu secamente por email dizendo que não tinham interesse. Ainda bem que a visão do Google sobre o assunto é bem diferente”, relata Friedlander.

Modelo de negócios

O app ainda não rende receita para a empresa. Mas o plano é conseguir uma massa crítica de usuários que gerem informações valiosas para o mercado. A Tawkon pode monitorar em tempo real a qualidade de rede de uma operadora e de suas concorrentes, apresentando onde há falhas de cobertura ou onde há maior radiação. A mesma informação pode ser usada para benefício do consumidor: a partir do endereço de uma casa ou escritório, a Tawkon é capaz de informar qual a rede com melhor (e menos perigosa) cobertura.

A empresa também coleta dados sobre perfil de uso da telefonia móvel. Na Rússia, por exemplo, 97% das pessoas falam ao celular junto à orelha. Os países escandinavos são aqueles onde se verifica a maior utilização de headsets e viva-voz. Na Dinamarca, 49% dos usuários adotam esses acessórios, de acordo com dados da Tawkon.

 

 

Fonte: (mobile time)