Novas modalidades de trabalho na era digital: um caminho sem volta!

30 de abril de 2021 - 10:38

Os formatos de trabalho estão mudando e o berço dessa mudança nasce de diferentes perspectivas para as pessoas se dedicarem cada vez mais ao respeito de suas necessidades, alinhado à transformação digital ocorrida nos últimos 15 anos no Brasil. Mesmo compreendendo que os novos modelos de trabalho colocam, no centro da discussão política e social, o binômio “necessidade x possibilidade”, há a escolha pelo enfrentamento das desigualdades estruturantes da nossa sociedade, por meio da urgência de inclusão digital da população.

A Pesquisa de Benefícios Aon (2018-2019), demonstrou que em um período de três anos, o número de empresas que implantaram o horário de trabalho flexível cresceu 192%. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2020), 8,4 milhões estavam trabalhando na modalidade home office, o que representa 10% dos trabalhadores ocupados no país, 81,4 milhões. Porém esse dado se confronta com a realidade de crescimento dos números de desempregados (desocupados) de 14,1 milhões de brasileiros que enfrentam o desemprego no Brasil (IBGE, 2021).

Observou-se, ainda, que as mulheres representam a maior parcela das pessoas incluídas neste formato de trabalho (56%). Porém, a desigualdade aponta para a diferença racial. Apenas 34% das pessoas que trabalham em casa são negros. O restante, 66%, são não negros (brancos, amarelos, indígenas). No entanto, a desigualdade fica mais alarmante ao observarmos os dados de trabalhadores que estão nessa modalidade de trabalho remoto, quanto à sua moradia. Realidade que reflete na vida de muitos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil, pois apenas 28% não possui casa própria, contra 72% dos que tem escritura da residência. Ou seja, o quesito moradia determina também quem pode ou não se adaptar à nova realidade. E, vale destacar, que estes dados foram divulgados em julho de 2020.

Sabemos que, quanto mais se aumenta o desemprego, mais também diminui o número de pessoas incluídas nesta modalidade. O trabalho remoto virou portanto um indicativo de desigualdade, visto que trabalhar em casa acaba por se tornar um privilégio que nem todos possuem.

No sentido de buscar reduzir seus custos e se manter sustentáveis, nesse momento crítico do cenário econômico brasileiro, percebemos que há uma busca pela sobrevivência das pequenas, médias e grandes empresas. Bem como da manutenção dos empregos e da renda de seus colaboradores.

Veja que 36% das empresas que adotam o trabalho remoto buscam reduzir custos na sede física da empresa, já que, com o home office, há menos colaboradores consumindo recursos, como energia e água, segundo um levantamento da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt) (2019). Os dados apontam também que a maioria das empresas entrevistadas, que estão adotando o teletrabalho, focam em garantir o aumento da qualidade de vida dos colaboradores (70%) e em melhorar a mobilidade urbana, dada a redução de pessoas em deslocamento nas ruas todos os dias (60%).

Os diversos formatos de trabalho precisam ser observados pelo poder público, em todas as esferas, como uma tendência permanente a uma melhor regulação, que possa garantir acesso aos que não possuem condições socioeconômicas para escolher esta opção.

Poderíamos citar inúmeros benefícios da flexibilidade dos novos formatos de trabalho, compreendidos tanto pelas empresas como pelos trabalhadores. Porém, cabe destacar que a estratégia econômica para aliar transformação digital, inclusão digital e geração de emprego e renda, é bem desafiadora e urgente tanto na esfera pública quanto na privada.

A ETICE segue e aposta na permanência desta tendência de flexibilização do trabalho, em seus novos formatos, centrada na análise pessoal de cada colaborador, bem como no interesse público e suas condições, em geral. Inclusive, mantendo uma preocupação com a infraestrutura tecnológica necessária para garantir uma melhor gerência e direção dos negócios no setor público de nosso Estado.

Por Kelly Arruda
Diretora de Gestão de Pessoas
Empresa de Tecnologia do Ceará – ETICE