Marcas estrangeiras prometem tecnologia nacional para disputar as vendas da 4G

16 de agosto de 2012 - 15:47

Ericsson, Huawei e Nokia Siemens, tradicionais fornecedores estrangeiros de equipamentos para as redes de telefonia celular do país, correm contra o relógio para se adaptar às regras de compra de tecnologia nacional, estabelecidas pela Anatel. Não querem perder participação no rico mercado da quarta geração da telefonia móvel, cujas compras deverão ser fechadas pelas operadoras nos próximos dias. Além da incorporação e desenvolvimento de inovações nos equipamentos mais importantes, como as estações radiobase, a produção local  também está na pauta dos vendors  que ainda não estavam produzindo no Brasil.

A Nokia Siemens, por exemplo, anunciou que terá produção local de equipamentos para a rede LTE por meio de terceiro, por conta das exigências de compra de produto nacional imposta em leilão. A Huawei, que tem modelo de Original Equipment Manufacturer (OEM) no país com a Flextronics, trabalha para obter o Processo Produtivo Básico (PPB) e avalia produção própria. Mas, os planos das fornecedoras de equipamento de rede vão além, incluem desenvolvimento de tecnologia no país, também para atender exigências estabelecidas na minuta do leilão de 4G.

 

No caso de hardware, a Ericsson já tem um projeto de certificação de tecnologia no país, mas para rádio ponto a ponto, que pretende adequar à Portaria 950 do Ministério das Ciências e Tecnologia (MCT) ainda este ano. “Precisa ter inovação, nova funcionalidade, para obter o registro”, explica Lourenço Coelho, vice-presidente de estratégia e marketing da Ericsson na América Latina. O centro de desenvolvimento da Ericsson, em São José dos Campos, foi inaugurado em março.

 

Agora, explica Coelho, é hora de preparar o ecossistema para mais. “Gostaria de começar logo [desenvolvimento de tecnologia no país para 4G], mas ainda estamos fazendo o business case para decidir”. Segundo Coelho, a Ericsson debate com o MCT qual tipo de inovação será aceita como tecnologia nacional.

 

Única com produção própria no Brasil, a Ericsson tem vantagens como fornecedora da tecnologia de nova geração, mas não por muito tempo. A avaliação do chairman da Nokia Siemens, Aloisio Byrro, é categórica: “A produção local é um diferencial, quem não tiver está praticamente fora [descartado como fornecedor para rede LTE]. Acho que não vão contratar ninguém que tenha produto importado”, diz.

 

Segundo ele, as operadoras podem cumprir a cota de equipamento nacional na construção de redes LTE apenas adquirindo radiobases montadas em PPB. “Se fabricar radiobase já chega nos 60% exigidos, porque é o que tem maior peso na rede. Mas isso precisa ser desde o início da rede”, diz.

 

A Nokia Siemens Networks anunciou, logo após o leilão de 4G, que a produção local será feita por um terceiro, no modelo OEM, provavelmente no estado de São Paulo, de acordo com Byrro. A companhia avalia se pedirá, além do PPB, a isenção do Imposto Sobre Produto Industrializado (IPI), que lhe obrigaria a investir 4% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento no país, conforme Lei de Informática. “Acredito que vamos pedir [isenção], queremos desenvolver atividades no Brasil. Já tivemos centro de pesquisa aqui e Nokia e Siemens têm tradição de pesquisa e desenvolvimento. Não há porque não fazer”, diz. A decisão final, no entanto, só sairá em alguns meses.

 

A Huawei, que já mantém parceria com a Flextronics para produção local, agora corre atrás do PPB, que estará disponível até o final do ano, segundo Maurício Higa, gerente de marketing para Redes Móveis da Huawei do Brasil. A companhia ainda não definiu, no entanto, se a produção será feita pela Flextronics, por uma terceira fabricante ou se será própria. “Ainda estamos definindo”, diz Higa.

 

A chinesa pode investir em produção própria, além de construir um centro de pesquisa e desenvolvimento. “Estamos montando a estratégia para trazer um centro para cá. É uma questão delicada porque cada localidade [de P&D] tem uma especialidade e precisamos verificar qual o Brasil teria”, diz.

 

Em abril de 2011, durante visita da presidente Dilma Rousseff à China o site Blog do Planalto divulgou que a Huawei faria investimento de US$ 300 milhões em um centro tecnológico no Brasil.

 

Fonte: (tele.síntese)